sexta-feira, 6 de julho de 2012

Atividades para Deficientes Auditivos:







http://www.brasilcultura.com.br/wp-content/uploads/2009/06/deficiente-auditivo.jpg

Características do Desenvolvimento do Deficiente Auditivo

O desenvolvimento completo de um indivíduo está muito relacionado com o desenvolvimento dos sistemas sensorial e perceptivo, pois é através desses sistemas que os estímulos ambientais são transmitidos ao indivíduo. Quando ocorre algum impedimento em um desses sistemas, o desenvolvimento do indivíduo pode vir a ser prejudicado devido à dificuldade de interagir com o ambiente.
No caso do deficiente auditivo, as suas características especiais (físicas, psicomotoras e cognitivas) estão associadas ao “início da surdez, etiologia, localização da lesão e quantidade e qualidade dos estímulos ambientais que a criança é exposta” (Pedrinelli & Teixeira, 1994). É importante o diagnóstico precoce da surdez, possível a partir do 5º mês de gestação, para que sejam proporcionados estímulos adequados para o completo desenvolvimento do indivíduo.

Aspectos cognitivos e emocionais

Segundo Vygotsky (1993), o maior desafio para o deficiente auditivo no campo intelectual é a “formação de conceitos, generalizações e abstrações” por envolverem comportamentos verbais, sendo mais importante para eles a memória visual.
Ainda segundo os autores, o deficiente auditivo pode apresentar certos problemas de comportamento como:
-     Relutância em manter contato com pessoas estranhas;
-     Relutância em mostrar o aparelho auditivo, tentando esconder a deficiência, principalmente em adolescentes;
-     Concretismo na análise da realidade;
-     Rigidez de pensamento;
-     Imaturidade em relação ao ajustamento social;
-     Tendência para o isolamento social dos ouvintes;
-     Ansiedade;
-     Capacidade de concentração reduzida.
A imagem corporal e o autoconceito também podem ser influenciados pela surdez. Isso porque são formados através de experiências oriundas do sistema vestibular, cinestésicos e tátil. “Quando a criança amadurece e começa a dar significado às informações visuais e verbais é que a imagem corporal e o autoconceito são afetados por estes sistemas. Normalmente esta mudança começa entre sete e oito anos. As crianças com deficiência visual e auditiva têm um grande impacto nessa mudança” (Pedrinelli & Teixeira, 1994).

Aspectos físicos e motores

Os diversos tipos determinam quais serão as necessidades e as limitações a serem trabalhadas com o deficiente auditivo. Muitos apresentam certo grau de retardo no desenvolvimento motor se comparado com crianças ouvintes, mas estudos mostram que este fato está muito mais relacionado com o estímulo oferecido ao indivíduo do que a uma característica da surdez.
No mundo dos ouvintes, a grande maioria dos estímulos é oferecida de maneira verbal, não sendo eficientes com os surdos. Por isso, quanto mais cedo a surdez for diagnosticada, melhor será o desenvolvimento físico do indivíduo surdo, uma vez que os estímulos serão fornecidos de maneira adequada.
Um bom desenvolvimento físico e motor é muito importante ao deficiente auditivo, pois é “através do corpo que mais freqüentemente experimentam situações de sucesso, tornando-se um recurso de comunicação e interação social sem comparação”.

Esporte e deficiência auditiva
As modalidades especiais para deficientes auditivos visam atender muito mais a necessidades sociais e de comunicação do que condições físicas. A procura por este tipo de esporte deve-se, segundo Pedrinelli & Teixeira (1994), a:
-     Atividades negativas para com a surdez por parte dos ouvintes que os rodeiam;
-     Ênfase na fala como única forma de expressão por parte dos ouvintes, o que dificulta a comunicação.

Dança, música e deficiência auditiva
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, é possível trabalhar música com deficientes auditivos, sendo eles capazes de “responder a ela através da dança e da expressão corporal. De forma adequada a cada ritmo e de maneira intensa e alegre” (Pedrinelli & Teixiera,  1994).
O trabalho com a música pode ter dois objetivos: a música por si só ou ainda fins terapêuticos (enriquecimento do vocabulário, melhoria da auto-imagem, estimulação da leitura labial, desenvolver ritmicidade na fala e introdução ao mundo sonoro).
Para tanto, a criança deve ser estimulada a “descobrir e a perceber as vibrações sonoras através de todo o seu corpo (tocar instrumentos, realizar movimentos rítmicos com o corpo, palmas, etc)” (Pedrinelli & Teixeira, 1994).
“A utilização de música e dança não deve ter o intuito de ‘normalizar’ a criança com dificuldade de comunicação verbal, preconizando essencialmente a sua oralização. O ser humano como sistema complexo apresenta uma infinidade de aspectos que devem ser abordados. Assim, o mais importante é promover o seu bem-estar, auxiliar sua auto-aceitação e auto-valoração, a reconhecer suas limitações e tirar o máximo de proveito de suas infinitas potencialidades”  (Pedrinelli & Teixeira, 1994).

Assistam este filme:
http://www.sme.fortaleza.ce.gov.br/crp/images/stories/Filhos_do_Silencio.jpg
Capa do filme Filhos do Silêncio, sobre deficiência Auditiva

Relacionamento professor X aluno deficiente auditivo
Pedrinelli & Teixeira (1994) descrevem alguns pontos que devem ser observados quando em uma aula na qual haja deficientes auditivos:
-     Enxergar a criança mais do que a deficiência;
-     Considerar as limitações, mas enfatizar as capacidades;
-     Estar informado sobre a etiologia, local e gravidade da lesão;
-     Procurar ajuda da família ou mesmo de outros profissionais envolvidos com a criança, se for necessário esclarecer algumas dúvidas;
-     Manter-se frente ao aluno quando estiver falando;
-     Usar todos os recursos possíveis para comunicar-se procurando certificar-se de que o aluno compreendeu a mensagem;
-     Não mudar constantemente as regras de uma determinada atividade;
-     Não articular exageradamente as palavras;
-     Substituir as pistas sonoras por visuais, se necessário.

Exemplo de atividade Ritmica:
- Objetivos da atividade:
Desenvolver noções de ritmo e coordenação motora global;
- Objetivos do grupo:
Demonstrar a utilização da linguagem gestual, de sinais (libras) e cores para a comunicação com os alunos deficientes auditivos;
Posicionamento do professor perante a classe.
- Descrição da atividade:
No primeiro momento, os alunos estarão dispostos em círculo e, parados, deverão bater bola no ritmo estipulado pelo professor;
Num segundo momento, os alunos deverão andar em círculo em volta do professor, batendo a bola de acordo com o ritmo do próprio andar;
Num terceiro momento, os alunos deverão observar as cores e os números indicados pelo professor para formarem grupos durante a execução da atividade.
· Bola vermelha – Pare !
· Bola amarela – Ande !
· Bola verde – Corra !
Exemplo: se o professor levantar a bola amarela e fizer o número 2, os alunos deverão andar em duplas.
- Estratégias:
Estilo de ensino: tarefa.
Organização da turma: em círculo, formando grupos de acordo com as ordens do professor.
Estratégia de comunicação: leitura labial, gestos, libras e cores.


Atividade Física para Deficientes Auditivos


http://proa07profaluciane.pbworks.com/f/professora.gif

Professora com alunos: ouvinte e deficiênte auditivo
Segundo o Instituto Nacional de Educação de Surdos:
A deficiência auditiva traz algumas limitações para o desenvolvimento do indivíduo, uma vez que a audição é essencial para a aquisição da língua oral.
Inicialmente, a surdez interfere no relacionamento da mãe com o filho e cria lacunas nos processos psicológicos de integração de experiências que irão afetar, em maior oumenor grau, a capacidade normal de desenvolvimento do indivíduo.Embora não se tenha uma estatística geral, é grande a incidência de casos de surdez.
O Censo Escolar/2004 computou 62.325 crianças surdas matriculadas nasescolas de todo o país. Esse fato trouxe a necessidade de preparar os professores para atender, de forma adequada, essa população.
O objetivo deste texto é, portanto, fornecer informações básicas sobre a audição,a deficiência e o deficiente auditivo, para facilitar a intervenção do professor de Educação Física, nas turmas onde estiverem incluídos alunos surdos.

Audição:
É o sentido por meio do qual se percebem os sons.O processo normal da audição inicia com a captação de ondas sonoras pela orelha externa e prossegue através da condução dessas ondas pela orelha média. Aochegar à orelha interna, as ondas sonoras são transformadas em impulsos elétricos, que são enviados ao cérebro. No cérebro se dá a decodificação dos sons, o que caracteriza aaudição propriamente dita.
O som possui características que influem na audição. Uma delas é a sua capacidade de se propagar nos meios gasoso, líquido ou sólido. Essa propagação, se dá sob a forma de ondas, provocando uma vibração tal que é capaz de ser transmitida para o cérebro através do ouvido (meio gasoso / ar) e do corpo como umtodo (meio sólido / ossos). Outras características que influenciam diretamente na qualidade da audição são aintensidade e a freqüência. A intensidade é determinada pela amplitude da onda sonora, refere-se ao volume do som e é o que permite distinguir um som forte de um som fraco. É medida emdecibéis (dB).
A freqüência varia de acordo com a quantidade de ondas emitidas em umdeterminado espaço de tempo e é o que faz com que um som seja alto (agudo) ou baixo(grave). É medida em Hertz (Hz) ou Ciclos por Segundo. Assim sendo, a capacidade de ouvir determinados sons vai depender daconjugação entre o grau de perda em decibéis e as freqüências preservadas na orelha interna.
É através do cruzamento dessas duas informações que se obtém o resultado da audiometria, que é o exame que determina o grau de audição das pessoas.

Deficiência Auditiva:
Essa expressão sugere a diminuição ou a ausência da capacidade para ouvirdeterminados sons, devido a fatores que afetem quaisquer das partes do aparelhoauditivo.A Política Nacional de Educação Especial define a deficiência auditiva comosendo a “perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender afala através do ouvido” (BRASIL, 1994).
Essa definição permite concluir que:
1) Existem diferentes graus de perda auditiva;
2) A surdez pode ocorrer em diferentes fases do desenvolvimento;
3) A sua pior conseqüência é a impossibilidade de ouvir a voz humana (fala).
Dependendo da época da instalação da deficiência e do grau da perda auditiva, o indivíduo pode ter dificuldades no relacionamento, na comunicação, na compreensão deconceitos e regras e na apreensão de conhecimentos através dos meios mais comuns (alíngua oral e textos)
No padrão normal de audição, o limiar de audibilidade vai até 25 dB em todas asfreqüências do espectro sonoro (entre 250 e 8000 Hz).
Já a classificação do grau de perda, segundo o Padrão ANSI (1969), é a seguinte:
Audição normal 0 a 25 dB
Deficiência leve 26 a 40 dB
Deficiência moderada 41 a 55 dB
Deficiência acentuada 56 a 70 dB
Deficiência severa 71 a 90 dB
Deficiência profunda Acima de 90 dB
A perda leve permite ouvir os sons, desde que estejam um pouco mais intensos.Na perda moderada há a necessidade de se repetir algumas vezes o que foi dito edificuldade de falar ao telefone, com a possibilidade de troca da palavra ouvida poroutra foneticamente semelhante (pato/gato, cão/não, céu/mel). A perda acentuada nãopermite ouvir o telefone, a campainha e a televisão, tornando necessário o apoio visualpara a compreensão da fala. A perda severa permite escutar sons fortes, como os de caminhão, avião, serra elétrica, mas não permite ouvir a voz humana sem amplificação.Na perda profunda só são audíveis sons graves que produzam vibração (trovão, avião).
Assim sendo, se uma criança já nasce com ou adquire uma surdez severa ou profunda antes de ter acesso à língua oral de sua comunidade, vai ter muitasdificuldades de se integrar ao “mundo dos ouvintes”.Embora seja absolutamente necessário dominar a língua de sua comunidade,mesmo que somente na modalidade escrita, sabe-se que a língua de mais fácil acessopara os surdos é a de sinais. É por meio dela que esses indivíduos constroem suaidentidade e desenvolvem-se nos aspectos afetivo, cognitivo e social.
Logo, faz-senecessário que, desde cedo, a criança surda seja exposta a esta língua e que a família e aescola a utilizem como meio de comunicação e instrução.No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão dos surdos pela Lei nº. 10.436, de 2002. Apesardisso, em seu parágrafo único, a referida lei reza que a LIBRAS não poderá substituir amodalidade escrita da língua portuguesa. Desta forma, não só é assegurado ao surdo ouso da língua de sinais, como é exigido dos sistemas educacionais o ensino, tanto da LIBRAS, quanto do português escrito.
Afabeto em libras
A inclusão de crianças surdas na rede regular vaigerar a necessidade do aprendizado da LIBRAS  pelo restante da comunidade escolar. As línguas orais e as de sinais possuem estruturas completamente diferentes -uma é de modalidade oral-auditiva e a outra de modalidades espaço-visual – e a língua oral, principalmente na forma escrita, é muito mais complexa que a de sinais, o quedificulta o seu aprendizado por parte dos surdos que usam a LIBRAS.
No entanto, a experiência tem demonstrado que os surdos que estudam em escolas regulares possuem leitura mais eficiente, o que influencia na escrita e na sua integração com a comunidade.
Atividade Física para Surdos:
A surdez afeta apenas o aparelho auditivo, não trazendo nenhum outro prejuízo,além dos já citados. Desta forma, o desenvolvimento motor de crianças surdas costumaseguir os padrões de normalidade, não havendo, portanto, nenhuma restrição à práticade atividade física. Quando a surdez é acompanhada de outra deficiência ou de algum outro comprometimento, as possíveis restrições estarão relacionadas a esses(s) outro(s)problema(s).
A escolha de atividades físicas para pessoas surdas deve respeitar os mesmoscritérios usados para a seleção de atividades para crianças sem deficiência (condições desaúde, faixa etária, condicionamento físico, interesse etc).
As atividades aeróbicas são muito importantes, pois as crianças que não seutilizam da fala costumam ter uma respiração “curta”, isto é, não enchemcompletamente os pulmões deixando, com isto, de expandir a caixa torácica e deexercitar os músculos envolvidos na respiração. Assim sendo, além de todos osbenefícios cardiovasculares já conhecidos, no caso dos surdos, as atividades aeróbicas também podem contribuir, indiretamente, para o aprendizado da emissão de sons dafala.
Os surdos podem praticar qualquer tipo de esporte e de atividade rítmica. Nocaso dos esportes, não há necessidade de qualquer adaptação na forma de ensinar,conduzir ou arbitrar. Tampouco há adaptações nas regras de cada modalidade. Já as atividades rítmicas, se envolverem coreografia, costumam demandar um pouco mais detempo de treinamento, devido à necessidade de internalizar o tempo e o andamento daexecução dos movimentos sem o auxílio de uma trilha sonora (mesmo com boaamplificação os surdos não conseguem perceber a maior parte das nuances de umamúsica).

Estratégias de ensino:
Sinais visuais à Cartelas coloridas ou bandeiras podem substituir comandos de voz; figuras podem indicar o movimento a ser feito; números podem evidenciarseqüências de atividades, ou a repetição de uma atividade já realizada, ou o númeroda tarefa a ser executada, ou a quantidades de crianças que devem se agrupar.· Demonstração, o professor costuma ser o modelo, mas é possível solicitar que os próprios alunos façam demonstrações.
Orientações ao Professor
1 – Com relação ao relacionamento:· Enxergar mais a criança que a deficiência;· Considerar as limitações, mas enfatizar as capacidades;· Estar informado sobre a etiologia, o local e a gravidade da surdez;· Ser paciente e acolhedor, sem deixar de estabelecer limites.
2 – Com relação à comunicação:· Falar de frente, em velocidade normal, quando a criança estiver olhando;· Usar frases curtas e simples, mas corretas;· Usar gestos, se necessário, e esforçar-se para entender os gestos das crianças;· Recorrer a outras formas de comunicação (desenho, escrita, mímica), sempreque for necessário;· Aprender LIBRAS;· Não misturar a LIBRAS com o Português.
3 – Com relação à prótese auditiva (quando houver):· Não mergulhar na água, nem molhar;· Não permitir o uso durante lutas ou acrobacias;· Incentivar o uso durante atividades rítmicas (exceto dentro d’água);· Se o molde estiver pequeno para a orelha da criança, retirar antes de qualqueratividade física;· Guardar os aparelhos em local seguro para que não se quebrem ou se misturem.
Considerações Finais
Incluir alguém em um grupo é dar-lhe condições para que possa participarativamente das idéias e atividades do mesmo.Sabe-se que as escolas regulares ainda não estão suficientemente preparadaspara receber e propiciar uma inclusão real das crianças surdas, mas isto precisa mudar.Para tanto, é preciso que toda a comunidade escolar se abra para essa nova experiência,pois, com a troca, todos têm a ganhar.
As aulas de educação física podem ser momentos e espaços privilegiados para iniciar uma mudança de comportamento dentro da escola. O papel do professor em todo esse processo é primordial e deve ser assumido com responsabilidade.Existem, atualmente, muitas fontes de informação disponíveis (instituições,internet, livros, periódicos), mas, mais do que isso, é preciso que haja o reconhecimentodo direito de TODAS as crianças de participar das aulas de educação física e demaisatividades escolares.

 http://www.luzimarteixeira.com.br/2009/12/atividade-fisica-para-deficientes-auditivos/

Nenhum comentário:

Postar um comentário